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Celulares 'xing-ling' causam prejuízo de US$ 6 bilhões ao ano no mundo

Por| 05 de Fevereiro de 2014 às 06h20

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Reprodução/Aliexpress
Reprodução/Aliexpress

Sabemos que as cargas tributárias no Brasil para qualquer tipo de produto são altamente perversas. De uns tempos para cá, impostos, taxas e outras cobranças são colocadas principalmente em produtos eletrônicos, já que o uso desses aparelhos está crescendo em ritmo acelerado por todo o país. E é justamente por conta dos preços elevados que muita gente procura soluções alternativas às lojas e revendedoras oficiais.

Mas não é só no Brasil que esse mercado paralelo funciona. Exemplo disso é um novo estudo realizado pela Mobile Manufactures Forum (MMF), que constatou a adesão dos celulares piratas, os famosos "xing-lings", no mundo todo. De acordo com o relatório, a venda de dispositivos falsificados e de baixa qualidade causa um prejuízo de US$ 6 bilhões por ano à economia global.

O continente asiático é o que concentra o maior número de telefones falsos, com 50% do montante total. Em seguida vem o Oriente Médio e a África (21%), América do Norte (11%), Europa Oriental (10%), América Latina e América Central (6%), e finalmente a Europa Ocidental (1%). Só na Índia, por exemplo, os falsificados respondem por 20% do mercado de telefonia móvel, o que custa ao setor US$ 1,5 bilhão anual em vendas perdidas.

Em 2013, foram 148 milhões de novos aparelhos piratas comercializados em sites de leilão online, lojas físicas e sites de varejo que, mesmo vendendo produtos fraudulentos, continuam em operação. Um dos motivos para tanta procura é que os celulares xing-lings são vendidos a um preço muito inferior que suas versões oficiais, ficando na média dos US$ 45 por dispositivo (cerca de R$ 103 na cotação atual).

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No entanto, pelo fato desses aparelhos executarem sistemas operacionais de qualidade inferior, há inúmeros relatos de pessoas que tiveram seus dados pessoais violados por falsos aplicativos que recolhem e enviam infomações secretas do indivíduo para criminosos. Isso sem contar que os aparelhos piratas representam um alto risco à saúde do usuário.

"Os telefones falsificados são produzidos com materiais baratos e de baixa qualidade, contendo níveis perigosos de metais pesados, como o chumbo, e de produtos químicos, que aparecem em concentrações até 40 vezes maiores do que os padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e adotados pela indústria," explica Aderbal Bonturi Pereira, Diretor do MMF para a América Latina.

Aderbal alerta que os celulares piratas, além de serem fabricados e vendidos com materiais e aplicativos de qualidade inferior àquelas exigidas pela Anatel, não são testados e homologados de acordo com as normas internacionais adotadas pela agência reguladora brasileira. Dessa forma, as redes das operadoras de telefonia móvel acabam prejudicadas, com frequentes quedas de chamadas e falhas no acesso às redes - inclusive degradando a performance da rede móvel para todos os usuários, com baixa performance da cobertura, da qualidade da chamada e da velocidade da internet móvel.

O estudo do MMF ainda fez testes de laboratório em mais de 50 dispositivos falsificados. Os experimentos revelaram que a maioria deles, quando comparados aos padrões internacionais de telecomunicações, não conseguiu aprovação em testes básicos de conformidade. Isso se reflete principalmente na queda elevada de chamadas para os usuários, que têm sua cobertura de rede diminuida graças ao aumento desses aparelhos piratas.

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Então, como resolver o problema?

Para Aderbal Bonturi, os governos podem combater os telefones falsos adotando novas tecnologias capazes de identificar tais dispositivos em operação na rede móvel brasileira e, a partir daí, bloqueá-los definitivammente. Por sinal, o governo já está desenvolvendo um sistema de bloqueio de sinal de celulares piratas, mas ele só deve entrar em funcionamento depois da Copa do Mundo de Futebol, que será realizada entre junho e julho.

Esse sistema funciona da seguinte maneira: quando o cadastro de celulares estiver em operação, será possível identificar todos os aparelhos móveis utilizados no país – sejam eles homologados ou não pela Anatel. Assim que o dispositivo for conectado à rede de uma operadora, o número de IMEI, que também fornece dados como marca e modelo do aparelho, será reconhecido e comparado com os dados registrados em um cadastro nacional.

A partir daí, as empresas de telefonia poderão saber se aquele aparelho está dentro dos requisitos exigidos nos testes obrigatórios de segurança da agência reguladora. Se for identificado que o celular não passou pelos laboratórios credenciados junto à Anatel, o aparelho é automaticamente bloqueado pelas empresas. Contudo, é bom lembrar que a medida de bloqueio não vale para boa parte dos celulares trazidos de fora do país. A Anatel define como não-homologados principalmente os dispositivos sem marca e réplicas de smartphones populares, além de celulares roubados e revendidos para terceiros após ter o IMEI clonado.

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E os usuários, o que devem fazer?

Apesar da popularização dos aparelhos falsificados, muita gente ainda compra sem saber produtos piratas ou de baixa qualidade ao tentar encontrar um preço mais barato. "A maioria das falsificações imita o design e as marcas dos produtos genuínos. Outras falsificações de baixa qualidade podem não violar direitos autorais e parecer uma concorrência legítima de modelos originais, mas são produzidas sem aprovação do governo, sem serem testadas ou certificadas, e podem rapidamente apresentar defeitos graves", explica Aderbal.

Por isso, na hora da compra o consumidor precisa ficar atento aos seguintes detalhes:

  • Número IMEI: cada telefone celular original tem um número de série único para cadastrá-lo junto à rede da operadora, que funciona como uma espécie de DNA para identificá-lo dos demais. Falsificações e modelos não certificados costumam ter números IMEI duplicados ou inválidos;
  • Preço: se o preço parece bom demais para ser verdade, então provavelmente o aparelho não é verdadeiro. Verifique se há algum defeito na parte física do gadget (como um borrão ou marcas específicas), palavras com erros ortográficos, rótulos tortos e sinais aparentes de defeitos de fabricação;
  • Nenhuma garantia: todos os fabricantes genuínos de telefones celulares oferecem uma garantia limitada que cobre o aparelho, o software e seus acessórios. Os produtos do mercado negro, não.
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O estudo completo da Mobile Manufacturers Forum pode ser visto neste PDF aqui.