Snowden cria case de iPhone que revela espionagem em celulares
Por Felipe Demartini | 21 de Julho de 2016 às 13h25
Para Edward Snowden, apenas colocar um celular no modo avião ou desliga-lo não é suficiente para barrar a poderosa máquina de espionagem governamental. Mas, agora, ele parece possuir a arma para combater isso definitivamente – uma capa para o iPhone 6, que mais parece uma bateria extra, capaz de monitorar os sinais recebidos e emitidos pelo dispositivo, revelando se ele está sendo utilizado para monitorar o usuário.
O conceito foi desenvolvido em parceria com o especialista em hardware Andrew “Bunnie” Huang e utiliza a entrada de cartão SIM para se conectar às entranhas do dispositivo. Fios são ligados à placa de circuito do telefone, enquanto o chip é colocado na própria case, de forma a permitir a utilização normal do iPhone. Uma tela funciona como um osciloscópio e acompanha, durante todo o tempo, os sinais do aparelho, diferenciando entre aqueles usados pelos diferentes recursos, incluindo os que podem ser utilizados para espionagem.
A necessidade de um monitoramento dos sinais desta maneira se deve ao fato de que, segundo Snowden e Huang, já existem métodos que impedem a desativação total de um aparelho. Mesmo em modo avião ou completamente desligados, a máquina de espionagem governamental ainda seria capaz de rastrear sinais GPS ou ligar microfones para servirem como escuta, algo que o novo dispositivo pode alertar. Ele não impede que a vigilância aconteça, mas pode informar o usuário sobre isso.
O grande foco dos aparelhos são jornalistas em zonas de conflito e personalidades rebeldes – ou seja, gente que o governo se interessaria em espionar. O acessório apresentado é um conceito, mas os responsáveis por ele querem começar a fabricação em breve, usando pequenas fábricas na China e pessoal especializado na manutenção de smartphones. Eles sairiam já prontos, uma vez que o processo de instalação da capa é um tanto complicado para ser feito em casa.
Para exemplificar a utilidade do aparato, Snowden cita o caso recente da jornalista americana Marie Colvin, morta enquanto cobria a guerra na Síria. A família da repórter está processando o governo de Bashar al-Assad por, supostamente, usar o próprio celular da vítima para espioná-la, descobrindo sua localização e realizando o assassinato, em retaliação à publicação de vídeos, fotos e artigos denunciando a matança de civis no país.
Para evitar ser localizado, até agora, Snowden pedia que todo repórter a entrar em contato pessoal com ele desligasse o celular e o colocasse dentro de uma geladeira, de forma a bloquear completamente sinais de rádio. Entretanto, se depender do acessório desenvolvido por ele, os dias da espionagem remota a partir de smartphones podem ter chegado ao fim.
Fonte: Wired