Apple responde na justiça sobre ordem que pede desbloqueio do iPhone
Por Felipe Demartini |
Depois de publicar uma carta aberta sobre o assunto, a Apple respondeu ao governo por vias judiciais sobre a ordem que pede o desbloqueio do iPhone. Em uma moção registrada junto à justiça americana nesta quinta-feira (25), a fabricante pede a suspensão do pedido e elenca as razões pelas quais não deseja atendê-lo.
No texto, a empresa coloca seus usuários em primeiro lugar. A Apple afirma que entregar uma porta de entrada para um dos mecanismos de segurança básicos do iOS é dar um “poder perigoso” ao FBI. A companhia também rebate as afirmações da agência afirmando que a questão não se trata apenas de um único iPhone, mas sim, da quebra na segurança e privacidade de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Além disso, a Apple afirma que o FBI está agindo de maneira inconstitucional ao obrigar uma empresa privada a enfraquecer seus dispositivos de segurança para facilitar o acesso governamental aos dados de um cidadão. Na visão da companhia, o ato quebra leis fundamentais do país, como a Primeira e a Quinta Emenda, que garantem liberdade de discurso e atuação, além de ir contra valores fundamentais de seu código interno.
É importante não confundir o pedido da Apple com um recurso. Em vez de solicitar a uma corte maior que reveja a decisão de uma menor, o que a empresa pede é uma reversão da ordem judicial original, alegando ter cooperado ao máximo possível com o caso e, mais do que tudo, que a decisão tomada interfere no interesse público.
No centro de toda a questão está um iPhone 5c que era de Syed Farook, um dos responsáveis por um atentado terrorista que matou 14 pessoas e deixou 22 feridos em San Bernardino, na Califórnia. Ao lado da mulher, Tahfeen Malik, ele abriu fogo durante uma festa de final de ano em um centro comunitário, além de ter tentado, sem sucesso, detonar uma bomba no local. A dupla foi morta horas depois em um confronto com a polícia, enquanto tentavam fugir.
De posse do celular do terrorista, o FBI solicita, por vias judiciais, que a Apple crie uma verão customizada do iOS que não contenha o mecanismo de segurança que deleta todo o conteúdo do aparelho caso dez tentativas incorretas de desbloqueá-lo sejam efetuadas. Assim, a agência seria capaz de realizar um ataque de força bruta e, quem sabe, descobrir mais detalhes sobre a organização do atentado e possíveis associados do casal.
Fonte: Apple