Google parece ter desistido de lançar motor de busca censurado na China
Por Felipe Demartini | 16 de Outubro de 2018 às 13h17
O CEO da Google, Sundar Pichai, afirmou não saber se a companhia vai, efetivamente, voltar à China com uma versão censurada de sua ferramenta de buscas. Durante a conferência de tecnologia Wired25, que aconteceu no último final de semana em São Francisco, nos Estados Unidos, ele confirmou a existência do Projeto Dragonfly, mas afirmou que ele não passou de uma experimentação para entender como a empresa poderia atuar no país asiático.
A declaração foi a mais completa já dada por um representante da companhia sobre o tema, mas, ainda assim, carece de informações mais detalhadas. De acordo com Pichai, a versão censurada seria capaz de entregar mais informações do que os motores de busca existentes na atualidade na China, sendo capaz de servir mais de 99% das buscas realizadas pelos utilizadores do país.
Por outro lado, o desenvolvimento de um projeto dessa categoria teria de balancear os ideais de liberdade de expressão e proteção à privacidade da Google com as leis locais da nação, o que representou um desafio à parte. Segundo Pichai, o nascimento do Projeto Dragonfly como uma iniciativa interna tem a ver com esse equilíbrio, de forma que a empresa pudesse entender como poderia trabalhar na China.
A Google deixou de operar no país em 2010 devido à forte censura sobre a internet existente por lá. Por outro lado, segundo o executivo, a empresa reconhece as necessidades do país, sua importância e a quantidade de usuários existentes ali, o que motivou o desenvolvimento do Projeto Dragonfly e todas as experimentações realizadas.
De acordo com os rumores, algumas dezenas de funcionários da Google teriam se demitido por conta da aproximação entre a empresa e o governo autoritário chinês, enquanto um grupo de mil deles assinou uma carta aberta exigindo transparência sobre o Projeto Dragonfly e sua utilização. A ideia era permitir o acesso ao mecanismo de busca por desenvolvedores de software e outros trabalhadores envolvidos em sistemas como algoritmos, sem que a iniciativa ficasse restrita apenas ao alto escalão.
As palavras do CEO da Google trazem um certo tom de desistência, mas, na realidade, demonstram incerteza, principalmente diante dos problemas internos e externos referentes não apenas à criação de um motor censurado em si, mas também ao escrutínio do Congresso americano sobre questões relacionadas a fake news e manipulação política.
O próprio Pichai deve comparecer diante dos políticos americanos em novembro para uma audiência sobre segurança digital e manipulação política. A expectativa é que o Projeto Dragonfly e possíveis relações entre a Google e o governo da China também sejam questionados.
Fonte: CNET