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Estudo comprova a existência de uma 'internet das árvores'

Por| 06 de Setembro de 2016 às 18h20

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Assets.Inhabitat
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Muitas das descobertas no campo da ciência acontecem "por acaso". Não aquele tipo de acaso em que não se está esperando algo e ele acontece vindo de não se sabe onde. Grandes descobertas científicas acontecem quando, em meio a uma pesquisa em andamento, descobre-se algo completamente novo e que não estava sendo "procurado".

Um grupo de cientistas liderado por Christian Korner fez um experimento em março de 1999, em uma floresta suíça, no qual envolveram abetos de mais de quarenta metros em tubos com pequenos furos por onde o dióxido de carbono saía.

Com o processo, os cientistas queriam descobrir como as árvores iriam reagir aos níveis elevados de dióxido de carbono na atmosfera naquele trecho da floresta. Porém, algo inesperado aconteceu: eles perceberam que árvores de diferentes espécies trocam grandes quantidades de carbono por meio de uma "wood wide web", ou seja, uma espécie de internet que liga suas raízes.

Durante a fotossíntese, as árvores usam a energia solar para eliminar dióxido de carbono e retirar açúcares da água. Para desenvolver este estudo, Korner e sua equipe desenvolveram uma mistura de dióxido de carbono empobrecido que batizaram de carbon-13, usada como base para que eles pudessem rastrear o fluxo de carbono em toda a extensão do vegetal.

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Eles conectaram cinco abetos para o experimento. Quando o cientista Tamir Klein entrou na equipe, ele descobriu que os níveis de carbon-13 das árvores em estudo haviam descido da copa para as raízes e, surpreendentemente, os isótopos modificados foram também encontrados em outras espécies de árvores como pinheiros, faias e lariços, todas estas não conectadas pelos tubos.

"Christian estava muito relutante em acreditar nisso. Ele disse: 'você identificou errado as raízes'", comentou Klein. Para provar que não havia se enganado, ele e outros colegas revolveram o solo para se certificar de que o carbon-13 realmente pertencia a diferentes árvores.

A raiz da questão

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Tamir Klein, após esta descoberta, percebeu que esse "intercambio" não se dava no alto das árvores ou nem mesmo pelas suas folhas, mas sim pelas raízes. Árvores em uma mesma vizinhança podem fazer esse tipo de troca de carbono, mas o caso dos abetos de Klein é diferente, pois eles não estavam ligados a seus vizinhos.

O cientista notou que o carbono modificado era abundante em fungos que cresciam nas raízes de seus abetos e de outras árvores. Este tipo de fungo é chamado de "mycorrhiza" e está presente em praticamente todas as plantas terrestres, sendo responsável pela produção de fósforo e nitrogênio em troca de açúcares de carbono e capaz de "colonizar" vários hospedeiros simultaneamente. Com isso, ele cria uma enorme teia de transferência de nutrientes e reações químicas, algo bem parecido com as árvores de Avatar.

"É um importante avanço dado que o experimento foi conduzido entre árvores mais velhas em uma floresta natural. Isto muda a forma como vemos as comunidades de plantas, guiadas não por competição, mas também por cooperação", disse Suzanne Simard, da University of British Columbia, que conduziu um experimento semelhante em 1997.

Para entender melhor como funciona essa conexão entre as árvores, Tamir Klein quer criar um mini ecossistema e deixar que algumas árvores cresçam juntas e criem redes do fungo mycorrhizal. "Sob estas condições controladas, seremos capazes de fazer experimentos de catalogação menores onde poderemos precisamente medir os níveis de transferência de carbono e sua direção". O cientista quer saber se essa conexão pode ser saudável ou não para, por exemplo, uma árvore forte transferir carbonos a outra mais fraca, ou vice-versa.

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Apesar de não acreditar com convicção de que as árvores estejam "se ajudando", Klein afirma que algo está claro e "até mesmo uma floresta bagunçada é muito mais conectada do que pensamos".

Fonte: The Atlantic