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A ciência do sono: o que acontece com o cérebro enquanto dormimos

Por| 24 de Agosto de 2016 às 09h38

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A ciência do sono: o que acontece com o cérebro enquanto dormimos
A ciência do sono: o que acontece com o cérebro enquanto dormimos

Para muitos, descansar envolve algumas boas horas de sono. Todos já tivemos noites mal dormidas seguidas por cansaço extremo e aquele desejo por uma cama macia. Mas o que realmente acontece com nosso organismo quando não dormimos adequadamente?

Pesquisadores da Universidade de Friburgo registraram as atividades do cérebro humano depois de uma noite de sono e outra de restrição de sono. Para o psiquiatra e psicoterapeuta Christop Nissen, que liderou a pesquisa, é importante entender o porquê de dormirmos cerca de um terço de nossas vidas, pois, se realmente não houvesse uma função válida, seria apenas um grande "erro" da evolução do ser humano e outros animais que compartilham essa necessidade.

A equipe de Nissen se concentrou na plasticidade sináptica, que se define pela variação na intensidade da conectividade entre neurônios e que o sono mostrou ter ligação direta. Foi analisada a plasticidade homeostática, que se caracteriza pela força das conexões cerebrais, e a plasticidade associativa, relacionada à intensificação seletiva de conexões em resposta a novas informações, como o aprendizado de uma nova habilidade que requer a ativação de neurônios específicos para ativar a memória.

Vinte participantes passaram por testes de eletroencefalograma e estimulação magnética transcraniana (TMS) para induzir o córtex motor a gerar movimentos em suas mãos. Após uma noite sem dormir, foi constatado que eles precisavam de um pulso significantemente menor para fazer o mesmo movimento, sugerindo que o cérebro está mais estimulado quando não dorme.

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Apesar de soar como algo positivo, o cérebro estimulado não é favorável para outras funções importantes de plasticidade associativa de formação de memória. "Enquanto o cérebro estava mais estimulado sem ter dormido, observamos que a indutibilidade de plasticidade associativa estava obstruída, o que é um ponto negativo", explica Nissen.

A indutibilidade foi testada a partir de estímulos em nervos nos braços que mandam sinais para o cérebro disparados antes do pulso TMS, simulando a ativação simultânea de neurônios. Depois de seguidas repetições, é esperado que as sinapses se intensifiquem, o que é chamado de potencialização de longo prazo. Com a restrição de sono, esse tipo de plasticidade diminuiu em relação aos resultados pós-sono. Testes que envolveram exercícios de linguagem também apresentaram resultados piores com a restrição de sono.

Nissen destaca que o sono é uma recalibragem do cérebro para o ponto certo de aprendizado e formação de memória. "É como se dormir esvaziasse ou limpasse as conexões no cérebro responsáveis por adquirir novas informações", explica o psiquiatra.

Com o estudo, Nissen espera abrir caminhos para o desenvolvimento de soluções para os efeitos da restrição de sono e tratamentos para diagnósticos psiquiátricos, como a depressão, além de rebater a ideia de que dormir não é um deslize da nossa evolução.

Fonte Vice