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6 sinais de que estamos mesmo entrando em uma nova era geológica

Por| 29 de Junho de 2016 às 10h08

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6 sinais de que estamos mesmo entrando em uma nova era geológica
6 sinais de que estamos mesmo entrando em uma nova era geológica

Você já ouviu falar em Antropoceno? Esse é o termo utilizado por cientistas para descrever o período mais recente da história do planeta Terra, em que as atividades humanas começaram a ter um impacto significativo no clima do planeta e no funcionamento de seus ecossistemas. Apesar de ainda não ser um conceito aceito por toda a comunidade científica, calcula-se que o Antropoceno tenha começado no final do século XVIII, após a invenção do motor a vapor e o início da industrialização da sociedade ocidental. Mas outros cientistas consideram que essa nova era tenha se iniciado ainda mais cedo com o advento da agricultura.

O Antropoceno também representa o início de uma nova era geológica da qual fazemos parte. Pelo menos é o que defende uma parte dos geólogos e demais cientistas especializados na geologia terrestre, que apontam a existência de pelo menos seis sinais de que isso seja verdade. Para determinar o ponto de transição entre uma era e outra, esses especialistas costumam analisar camadas de solo e de rochas, a existência de fósseis e evidências geoquímicas, mas a sociedade industrial ainda não existe há tempo suficiente para que seus vestígios fiquem devidamente sedimentados. Ainda assim, esses rastos estão ao nosso redor e a análise de sua existência pode provar que o ser humano foi, sim, capaz de iniciar uma nova era geológica como consequência da tecnologia.

Tecnofósseis

Produzimos diariamente uma quantidade exorbitante de lixo, e todo o material não orgânico fica acumulado no planeta por anos, já que o tempo de decomposição dos mais diversos materiais que utilizamos no nosso dia a dia pode chegar a séculos. É o caso de uma linha de nylon, que leva até 650 anos para ser “digerida” pelo planeta. E tem casos como o do vidro, em que não se sabe ainda quanto tempo leva para ser decomposto naturalmente.

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Aterro sanitário repleto de lixo tecnológico (Reprodução: Divulgação)

E o mesmo vale para os resíduos tecnológicos, como CDs e baterias de dispositivos móveis. Estamos rapidamente poluindo nossos solos e oceanos e já fomos capazes até de começar a poluir a órbita da Terra, enviando satélites com uma passagem só de ida. Esses são os chamados Tecnofósseis, que, conforme o nome sugere, são fósseis tecnológicos que ainda deverão permanecer no planeta por milhares e milhões de anos, mesmo se os humanos não sobreviverem por tanto tempo.

Em um estudo publicado no jornal Anthropocene e disponibilizado na internet pelo Science Direct, lemos que “em escalas de tempo geológicas, os plásticos enterrados em aterros sanitários podem se tornar uma ‘bomba-relógio’ de liberação de plástico no meio-ambiente. Alguns aterros em terrenos baixos ou em áreas que estejam tectonicamente cedendo, serão enterrados na crosta terrestre e fossilizados como artefatos paleontológicos.”

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Fósseis naturais

Além dos fósseis de objetos produzidos pelo homem, estamos também deixando fósseis naturais em uma quantidade jamais antes registrada, uma vez que a população humana cresceu exponencialmente desde o início da revolução industrial, passando de um bilhão de pessoas no século XIX para mais de sete bilhões de indivíduos habitando o planeta nos dias atuais. E a expectativa é que esse número aumente em mais quatro bilhões de pessoas até o final do século XXI.

Além da nossa espécie, também fizemos aumentar o número de animais domésticos, como gatos e cachorros, além da quantidade de animais que são criados para nosso consumo, como é o caso de bovinos, suínos, caprinos e aves.

Poluição por monóxido de carbono

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O excesso de queima de combustíveis fósseis também marcará nossa atual era geológica. A poluição não somente intoxica o ar que respiramos, como deixa suas marcas na natureza e na química da atmosfera. Estima-se que dentro de alguns milhares de anos, camadas de gelo formadas entre o período em que vivemos e essa data trarão amostras de como nossa atmosfera é nos dias de hoje, permitindo aos cientistas do futuro descobrirem como o ar era repleto de fumaça tóxica no passado.

Fertilizantes nitrogenados

A agricultura também é uma grande responsável pela transformação causada no planeta nos últimos milênios, mas nenhuma era anterior pode ser comparada à era tecnológica no que diz respeito à marca que será deixada no planeta para as gerações futuras. O avanço tecnológico na agricultura tomou um rumo acelerado a partir da metade do século XX com a criação de processos de automatização e aumento na produção global de alimentos - e os fertilizantes nitrogenados fazem parte desse processo.

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Caminhão despejando fertilizantes em plantação (Reprodução: Divulgação)

Esse tipo de fertilização foi desenvolvido por químicos alemães e utiliza altas pressões e calor para converter o nitrogênio atmosférico em amônia, coisa que naturalmente só acontece com a ação de bactérias. Depois dessa invenção, os fertilizantes se popularizaram pelo mundo e agricultores puderam ampliar cada vez mais o tamanho de suas áreas de cultivo.

E qual a principal consequência do uso desse tipo de fertilizante? Esse tipo de fertilização é o que mais causa impacto negativo no meio ambiente, utilizando a queima de combustíveis fósseis para sua produção e, consequentemente, contribuindo para o desequilíbrio do efeito estufa. Além disso, ao entrar em contato com o solo, esses fertilizantes causam uma reação química fazendo com que determinadas bactérias liberem ainda mais gases de efeito estufa no ar, com potencial 300 vezes superior ao do dióxido de carbono liberado pelas indústrias.

“Boreholes”

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Esse é o nome que levam os buracos resultantes das numerosas escavações realizadas pelo homem mundo afora, tanto na busca por petróleo, quanto na procura arqueológica por resquícios das eras passadas do nosso planeta. Até a chegada da tecnologia, nenhuma outra espécie do planeta foi capaz de perfurar o solo tão profundamente e em tanta quantidade. É como se estivéssemos danificando a crosta terrestre, deixando cicatrizes que permanecerão para sempre na “epiderme” do planeta.

Escavação arqueológica (Reprodução: Divulgação)

De acordo com Jan Zalasiewicz, presidente do International Comission on Stratigraphy’s Antropocene Working Group, “a única maneira dessas cicatrizes desaparecerem será virem à superfície e serem erodidas, ou serem surpreendidas por uma colisão continental, ou ainda por algum outro tipo de atividade tectônica, o que levará de centenas a milhares de anos para acontecer.”

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Armas nucleares

Por fim, a criação de armas nucleares também deixará marcas profundas no planeta a ponto de determinarem o Antropoceno. O uso de bombas nucleares a partir da década de 1940 e os diversos testes com armas nucleares realizados nas décadas seguintes causaram um aumento dramático na quantidade de carbono-14 (o tipo radioativo de carbono) na nossa atmosfera.

Essa substância acaba sendo impregnada na biosfera - que representa tudo o que nos cerca, desde o ar, o solo e as plantas até os animais, incluindo nós, humanos. Isso significa ainda que estamos e continuaremos sendo alimentados com vegetais e animais contendo resquícios da Guerra Fria por diversas gerações.

Fonte: Gizmodo