Aposta em equipes como serviço: veja como a Opah IT seleciona profissionais
Por Márcio Padrão • Editado por Claudio Yuge |
O setor corporativo conta hoje com muitos as a service, isto é, tercerirização de necessidades temporárias particulares. Quer um programa sem desenvolvê-lo do zero? Contrate um SaaS (software as a service). Precisa de uma infrastrutura nova sem perder tempo? Pegue uma IaaS (infrastructure as a service), e por aí vai. A companhia paulista Opah IT aposta no Squad as a Service (equipe como serviço) para prestar atendimento a grandes indústrias.
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Esse modelo foi popularizado pelo Spotify e consiste em agregar equipes pequenas, de até oito pessoas, com formação multidisciplinar. Cada equipe dessas fica responsável por um projeto específico dentro da empresa. Por não seguirem as hierarquias do organograma da empresa — na verdade, respondem a um coordenador de projetos — eles trabalham com mais liberdade e aplicam metodologias ágeis, o que leva a um tempo de execução menor em relação a equipes tradicionais, antecipando até mesmo a fase de testes.
No mercado há nove anos, a empresa é especializada no desenvolvimento de softwares para empresas do porte da agência de viagens CVC, do programa de pontos Livelo e da corretora de crédito Crefisa. Trabalha em projetos de internet banking (aplicativos, Pix, conta digital ou sistema antifraude), de inteligência de negócios para metalúrgicas e apps para mapear os passageiros a bordo em voos de companhias aéreas, além de integrar estes dados com plataformas de CRM (relacionamento personalizado ao cliente, na sigla em inglês).
A seleção
Para escolher profissionais que formarão essas miniequipes, Alana Lins, coordenadora de gente e gestão da Opah IT, disse ao Canaltech que a empresa recebe semanalmente as vagas disponíveis. "Mesmo com a pandemia, o setor de tecnologia foi o menos afetado. Em média, são aproximadamente 50 vagas abertas por mês", diz.
A empresa tem contratado não apenas desenvolvedores de software, mas também profissionais da gestão de projetos e designers de UI e UI (interface e experiência de usuário, respectivamente). O processo seletivo começa com o alinhamento de perfis necessários para o cargo junto às equipes técnicas. Algumas fases adotadas no decorrer são entrevista comportamental, entrevista técnica, testes técnicos e entrevistas com os clientes. Normalmente tudo isso leva cerca de duas semanas.
A Opah diz que avalia tanto as hard skills (conhecimentos técnicos) quanto as soft skills (competências comportamentais) do candidato. "Entendemos que saber trabalhar em equipe e o comprometimento são muito importantes", diz Lins. Mas devido à grande demanda de contratação, a companhia não encontra o que procura dentre os candidatos e sente a necessidade de buscar profissionais no mercado.
Os perfis de profissionais desejados podem ser tanto os que estão em fase de aprendizado na área de tecnologia quanto os mais experientes. Estes últimos são os mais requisitados, mas os juniores são instruídos para crescerem na carreira. As principais linguagens de programação requeridas são Java, .net, React, Mobile, Python e Ruby.
"Estamos em um momento delicado para as empresas de TI quanto a essa escassez. Mas procuramos pensar em diversas formas de como nos tornarmos atrativos para os profissionais. Realizamos ações internas para programas de indicações, além de parcerias focadas em mídias sociais", diz a coordenadora.
Como virou comum no setor de tecnologia de informação, o desejo por trabalhar mais em casa por conta da pandemia de covid também crescer. A Opah manteve 100% das equipes à distância e isso deu agilidade aos processos. "Antes do isolamento, alguns diziam que isso era impossível. Depois, eles se viram obrigados a permitir o home office e nós mostramos como trabalhar dessa maneira", afirma João Moressi, CEO da empresa. O trabalho remoto também proporcionou a possibilidade de contratar gente de fora de São Paulo. Há profissionais da Opah nas cinco regiões brasileiras e em países como Reino Unido, Estônia e Portugal.
Sobre a retenção de talentos, a companhia se diz atenta a tendências e estudos de mercado para entender o que está funcionando na concorrência. Mas admite que a retenção de profissionais tem sido um desafio por conta do mercado estar extremamente aquecido. Os salários vão de R$ 2 mil a R$ 20 mil. Há ainda um programa de reconhecimento interno, com bonificações para desempenho, indicação de profissionais, aniversário e casamento, entre outros.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), os cursos superiores formam cerca de 46 mil alunos por ano, mas para suprir o déficit de contratações, seria preciso 70 mil profissionais por ano, ou 420 mil até 2024.