World Trade Center: nem a tecnologia de ponta conseguiu segurar as torres em pé
Por Luciana Zaramela | 11 de Setembro de 2012 às 18h35
O dia 11 de setembro de 2001 manchou de sangue e cinzas a história da humanidade. As duas Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Manhattan, Nova York, desmoronaram após ataques aéreos de terroristas suicidas do Al-Qaeda. As imagens do desmoronamento das torres, do desespero daqueles que trabalhavam no complexo, das tentativas de resgate, dos destroços e das ruínas do maior centro comercial do mundo ficaram para sempre gravadas em nossa memória.
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Hoje faz 11 anos que o World Trade Center foi destruído. O aniversário da tragédia nos faz lembrar com honra da equipe que trabalhou assiduamente no resgate e na manipulação dos escombros. Hoje os amigos e familiares lembram com ainda mais saudade de seus entes queridos que perderam a vida no ataque terrorista.
Ataques terroristas de 11 de setembro: Torres Gêmeas em chamas (Pictures History)
Mas e a tecnologia do complexo? O World Trade Center era o grande exemplo de um conglomerado tecnológico. Era a representação real e concreta de um ideal que acabou se tornando um símbolo de nossa própria vulnerabilidade. O World Trade Center foi construído para ser o grande centro comercial mundial. Quem passava pela ilha de Manhattan olhava para as torres gêmeas e enxergava um par inabalável de gigantescas estruturas.
A origem do World Trade Center
O site How Stuff Works mostra tudo sobre a construção do World Trade Center, desde a ideia até a finalização do projeto e o atentado de 11 de setembro.
Embora a ideia para a construção de um centro mundial de comércio seja creditada a David Rockefeller, um dos netos do industrial John D. Rockefeller, ela já havia sido cogitada pouco depois do término da Segunda Guerra Mundial - uma década antes de Rockefeller se envolver no projeto. Mas, de fato, quem realmente colocou as mãos na massa foi ele.
O World Trade Center era um complexo de edifícios localizado em Manhattan, Nova York, EUA
Rockefeller precisava dar mais energia a Lower Manhattan com novas construções e inovações, seguindo a linha de seu pai, que revitalizou o centro de Manhattan com o Rockefeller Center, na década de 30. Já fazia parte dos planos de David Rockefeller criar um centro comercial na ilha, com propósitos internacionais, a ser construído a leste de Wall Street. Ele queria um complexo com hotéis, escritórios, hall de exibição, lojas e segurança apropriada.
A tecnologia das Torres Gêmeas
Toda a estrutura do World Trade Center foi cuidadosamente planejada para suportar e reforçar cada torre. Ambas contavam com inovações estruturais que as permitiam alcançar alturas extremas, tornando-se as mais altas do mundo. Na época, os arranha-céus possuíam um esqueleto metálico que formava uma grade em três dimensões.
O projeto do WTC contava com uma estrutura que formava um tubo de aço e concreto ao redor do prédio, permitindo que existissem andares totalmente vazados e mais espaço para ser aproveitado. As colunas de suporte davam sustentação suficiente para que o exterior das torres não precisasse segurar nada além de seu próprio peso e suportar as forças do vento. Basicamente, cada torre era uma caixa dentro de outra caixa. Essa estrutura reforçada em forma de tubo dava uma estabilidade e tanto para as construções. As colunas espalhadas por todo o perímetro das torres dividiam o peso e a gravidade, mantendo-as estáveis. Todo o projeto e análise estrutural do WTC foi renderizado em um IBM 1620.
IBM 1620, o antigo computador que fez os cálculos do projeto do WTC
Os elevadores sempre foram uma incógnita no projeto do WTC, pois os arranha-céus precisavam da combinação exata entre estabilidade e flexibilidade. Quanto mais alto é o prédio, mais elevadores são necessários. Porém, adicionar muitos elevadores acabaria ocupando espaço demais nos andares. O sistema adotado foi diferente, e eficaz: em vez de usar vários elevadores que levariam a todos os andares, foram criados elevadores com diferentes propósitos (todos com capacidade para 55 pessoas).
Havia elevadores expressos que percorriam toda a extensão do prédio (em vermelho), elevadores com percursos menores que levavam aos lobbies do arranha-céu (em verde) e muitos outros elevadores de serviço, distribuídos em terços (em azul), conforme indica a figura à esquerda.
Cada torre era então composta de três prédios empilhados, formando um sistema de 99 elevadores por cada torre. Cada um servia andares específicos e dava maior praticidade aos ocupantes e funcionários do prédio.
Para garantir sustentação, os prédios necessitam de um alicerce forte. E o alicerce das torres do WTC era extremamente grande, escavado no subsolo. A engenharia e a construção eram um enorme desafio de logística e cálculos. O processo de construção se deu de dentro para fora, graças ao esqueleto metálico que partia do núcleo do prédio até chegar ao perímetro. E assim foram construídos todos os andares, seção por seção.
O sistema de sprinkles (dispositivos contra incêndio) e as paredes contra fogo nunca foram de fato testados. Materiais resistentes a fogo e gesso Vermiculite também foram utilizados para proteger elementos no interior das torres. E os arquitetos e engenheiros asseguravam que as Torres Gêmeas eram capazes de aguentar até mesmo o impacto de um Boeing 707.
As portas do World Trade Center se abriram no dia 4 de abril de 1973. Muitos homens de negócios e cidadãos desacreditavam do projeto, achavam-no um tremendo dispêndio de verbas e não se contentavam em sair de seus locais de trabalho para iniciar uma nova etapa nos arranha-céus. As Torres Gêmeas foram criticadas por muitos arquitetos e engenheiros devido a seu tamanho. O WTC tinha uma longa jornada de aceitação por parte da sociedade pela frente.
Bastou uma década para que as Torres Gêmeas ganhassem reconhecimento mundial como parte de Nova York, principalmente por terem se tornado símbolo da cidade em vários filmes, como o do Superman.
Com o passar do tempo, várias modificações estruturais foram realizadas como reforma ou incrementação dos edifícios. Nada que comprometesse a integridade estrutural das torres. Algumas aberturas foram feitas para acomodar novas escadas, algumas vigas de aço foram reforçadas para suportar mais peso e, após o primeiro bombardeio, realizado contra o WTC em 1993, alterações e reformas foram feitas nos níveis B1, B2 e B3, bem como a substituição do sistema de ar condicionado, que ficava localizado no nível B5.
Em dias típicos de negócios, o World Trade Center recebia mais de 200.000 visitantes de todo o mundo, diariamente, em todo o complexo. Com tantas atividades acontecendo ao mesmo tempo, as torres se tornaram quase duas cidades verticais, cercadas por paredes de concreto.
Os ataques de 11 de setembro
Na manhã de 11 de setembro de 2001, o World Trade Center foi alvo de ataques e desmoronou. Terroristas sequestraram aviões comerciais e acertaram em cheio a Torre Norte e a Torre Sul. Os danos causados pelo colapso dos aviões com as torres acabaram arremessando pessoas dos andares mais altos e prendendo muitos ocupantes entre os andares comprometidos, que ficaram impossibilitados de escapar.
Pessoas presas nos andares da torre após o atentado
Muita gente pulou do prédio por puro desespero. Poucas pessoas conseguiram escapar dos locais críticos, causados pela batida do avião. Devido aos prejuízos, incêndios e danos às estruturas, ambas as torres vieram a desabar, uma após a outra. Os três edifícios restantes do complexo sofreram gravíssimos danos e tiveram de ser demolidos.
Vista da ilha de Manhattan momentos depois do desabamento da primeira torre
Mesmo com toda a tecnologia e a engenharia inovadora da época, o World Trade Center não suportou os ataques terroristas. O projeto assegurava proteção ao complexo, que poderia até suportar uma batida de um antigo Boeing. No entanto, o grande complexo de concreto armado e estrutura reforçada sucumbiu ao choque direto de dois aviões comerciais, um 767 da American Airlines e um 757 da United Airlines, nas torres Norte e Sul, respectivamente. O projeto provavelmente não contava com previsões de ataques terroristas no início do século XXI.
Hoje, onze anos após o ataque, a equipe responsável pela construção do novo World Trade Center investe em um complexo inovador, com segurança redobrada, alta tecnologia militar e proteção antiterroristas.