Tecnologia sustentável: o desenvolvimento de data centers ecológicos
Por Willians Bini |
Toda evolução e crescimento tem seu preço. Não vamos falar aqui em termos de evolução genética ou crescimento sócio-econômico, mas sim no momento de grande evolução e demanda tecnológica na qual a humanidade está passando. E para atender essa crescente demanda por hardware, processamento, memória e rapidez na busca por resultados, surgiram na década de 90 os primeiros data centers. Seu objetivo principal foi o de centralizar em um único ambiente físico toda a necessidade computacional, seja para servidores de internet, banco de dados, modelos meteorológicos de alta resolução e muito mais.
Podemos imaginar atualmente um data center como sendo o cérebro de uma empresa ou instituição de pesquisa, onde são armazenados os processos e informações mais importantes. Os data centers devem ser projetados para atender rigorosos padrões internacionais, como segurança física e lógica dos dados.
Mas o objetivo desse artigo não é discutir apenas o papel ou a importância dos atuais data centers, mas sim o que esse aumento computacional tem gerado em termos de discussão, e as soluções tecnológicas que surgiram para minimizar os custos, especialmente quando o assunto é meio-ambiente.
Esse tema ganhou relevância, devido, em grande parte, aos crescentes custos energéticos, à maior demanda por eletricidade e às preocupações ambientais. Estima-se que o custo de infraestrutura física de um data center, incluindo fontes de energia, cabeamento, racks, sistemas de ar condicionado e todos mecanismos de segurança, variam entre 80 a 150 mil dólares, para cada servidor, em um prazo de 10 anos. Desse total, 20% são gastos apenas com energia elétrica. E parte desse valor (aliás, grande parte) é desperdiçada na forma de energia térmica (aquecimento dos componentes). Com isso, concluímos que uma grande fatia dos custos, incluindo dinheiro e energia, é utilizada com o resfriamento dos servidores, e o atual desafio é evitar esse tipo de desperdício.
Um belo exemplo é o data center ecológico da Google, localizado na Finlândia, na pequena cidade de Hamina. As instalações ficam bem próximas ao mar, e a grande sacada foi a construção de uma rede de túneis que leva a água para um sistema próprio de refrigeração, com a grande vantagem de que as águas no Mar Báltico são extremamente geladas, o ano inteiro. Essa água dissipa o calor dos servidores, e após esse processo, retorna ao oceano, sem danos à natureza ou ao meio ambiente.
Recentemente, vi uma matéria de que até mesmo nossos inseparáveis smartphones, em breve, devem ter a opção de resfriamento também usando água. Com os processadores cada vez mais potentes, é comum o superaquecimento e perda de performance. A idéia é fazer com que a água circule através de pequenos canos pela placa mãe, resfriando assim a CPU e melhorando o desempenho.
Voltando à questão de ganho de desempenho e alta performance, não podemos ignorar a tendência cada vez maior do uso da Cloud. A Cloud vai muito além de armazenar seus dados em servidores remotos, como Dropbox, Google Drive, entre outros. A Cloud Computing, que fisicamente utiliza os recursos de data center, surgiu da necessidade de utilizar um alto poder de processamento, atendendo apenas à sua própria demanda. Por exemplo: tenho um projeto e preciso rodar um modelo de alta performance, em um curto espaço de tempo. Para isso, eu não preciso comprar um servidor “parrudo”, que depois será subutilizado. Eu posso “alugar” uma Cloud Computing, que vai me dar todo o hardware necessário, com o melhor custo-benefício.
Essa não é realmente uma idéia nova. Em meus tempos de graduação e pós-graduação nos anos 90, quando tínhamos que rodar algum modelo meteorológico voltado para a pesquisa, compartilhávamos geralmente uma única máquina. A diferença é que na época existia uma “fila” de processos a serem executados, e para botar seu modelo pra rodar, você tinha que entrar nessa fila.
Mas hoje o que não falta são recursos que permitiram que esses Centros de Computação ganhassem escala, sempre na vanguarda da tecnologia. Podemos destacar algumas vantagens diretas no uso de Cloud Computing em data centers:
- Software sempre atualizados;
- O acesso pode ser feito de qualquer lugar, bastando ter internet;
- Utilização do hardware de acordo com sua demanda; nem mais, nem menos do que o necessário;
- Melhor controle de gastos;
- Sem necessidade de manutenção;
- Menor consumo de energia, espaço físico e, principalmente, uso racional dos recursos naturais.
Não há duvidas que a grande preocupação do século gira em torno do consumo (e geração) de energia. O crescimento foi exponencial nas últimas décadas, e nada indica que essa demanda deixará de crescer nos próximos anos. Por isso mesmo, o assunto Energia não se esgota aqui. Pretendo discutir no próximo artigo a situação energética no Brasil, especialmente no que diz respeito ao clima, já que quase toda nossa energia provém de hidrelétricas, e estas dependem exclusivamente das águas da chuva. E controlar a chuva e a natureza, por enquanto, está além das capacidades do homem, apesar de toda tecnologia hoje disponível.