Escândalo Panama Papers será adaptado para o cinema
Por Gabriel Castro | 07 de Julho de 2016 às 21h56
O caso Panama Papers gerou grande impacto na mídia internacional, embora aqui no Brasil tenha recebido menos atenção por ter estourado durante a crise política e o processo de impeachment. Aproveitando a atualidade do tema, o diretor americano Steven Soderbergh (Che, Onze Homens e um Segredo, Erin Brockovich) já tem em seus planos produzir uma adaptação do escândalo do vazamento de 11 milhões de documentos sobre as pessoas mais ricas e poderosas do mundo que esconderam suas fortunas em paraísos fiscais.
O roteiro, assinado por Scott Z. Burns, será baseado no livro que está para ser lançado pelo jornalista vencedor do Pullitzer Jake Bernstein, Secrecy World. A Grey Matter Productions já comprou os direitos de adaptação do livro e vai trabalhar em conjunto com Soderbergh, Burns e Michael Sugar na produção do longa. Sugar participou de Spotlight, que recebeu o Oscar de melhor filme em 2016 e também explora os meandros do jornalismo investigativo.
Com produções que transitam entre ação e comédia, Soderbergh pode dar um tom mais leve ao escândalo Panama Papers.
Apesar de não serem algo totalmente novo, filmes baseados em eventos reais em nível global pouco tempo depois que acontecem, especialmente escândalos e desastres, estão se popularizando. Veja os exemplos na tabela abaixo:
Filme | Ano de produção | Evento | Ano do evento |
Patriots Day | 2016 | Atentado durante maratona em Boston | 2013 |
Horizonte Profundo | 2016 | Vazamento de óleo no Golfo do México | 2010 |
Snowden | 2016 | Vazamento de informçãoes por Edward Snowden | 2013 |
A Grande Aposta | 2015 | Crise financeira nos EUA | 2005-2007 |
Os 33 | 2015 | Desastre de mineradores no Chile | 2010 |
A Hora Mais Escura | 2012 | Morte de Osama Bin Laden | 2011 |
A Rede Social | 2010 | Criação do Facebook | 2003 |
A principal diferença dos filmes atuais para os mais antigos é que os últimos costumavam levar anos ou décadas para serem produzidos, talvez para ter mais tempo de reflexão e bibliografia a respeito do ocorrido. Atualmente, a dinamicidade dos fatos auxilia na produção rápida dos filmes, fazendo com que não seja apenas entretenimento "ficionalizante" de um assunto sério, mas uma forma de registrar e de criar materiais que sustentem estudos de gerações futuras. Há que se considerar ainda que a aceitação do público é variável e relativa. Enquanto uma parcela se interessa por filmes que resgatam acontecimentos mais antigos, outra tem preferência por temas da atualidade.
A era da informação, a internet e as redes sociais certamente têm um peso nisso. Eventos globais, como desastres, crises, atentados, são parte do dia-a-dia de todos. Não é mais necessário sentar para ler um jornal ou assistir a um notciário para se inteirar. Basta ter um celular para saber de algo, mesmo que seja por um post de amigo.
Se é a arte que imita a vida ou o contrário, não sabemos. Fazer um filme sobre o Panama Papers pode ser interessante agora, ainda mais para quem não acompanhou o desenrolar do processo, mas talvez daqui duas décadas já não seja mais tão relevante. Steven Soderbergh se mostrou competente e inovador em filmes de entretenimento e é bem possível que a adaptação seja um sucesso em Hollywood.