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Crítica | Grande evento, Vingadores: Guerra Infinita entrega tudo o que promete

Por| 27 de Abril de 2018 às 10h43

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Crítica | Grande evento, Vingadores: Guerra Infinita entrega tudo o que promete
Crítica | Grande evento, Vingadores: Guerra Infinita entrega tudo o que promete
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Pode ficar tranquilo que esta crítica NÃO contém spoilers!

Os filmes da Marvel podem nem sempre ser exatamente fiéis às páginas dos quadrinhos, mas em todos os seus capítulos, até agora, tentaram transferir a sensação das HQs para as telas. Normalmente, o que vemos na telona são longas coloridos, divertidos e cheios de ação, com um clima normalmente positivo por mais que a história retratada seja de perdas, traições ou grandes conflitos.

Levando esse caráter em conta, chega a ser curioso que Vingadores: Guerra Infinita, um dos filmes mais esperados do ano e estreia desta semana nos cinemas brasileiros, não siga exatamente esse caminho. Temos aqui, sim, o maior evento cinematográfico já criado pela Marvel e, também, um filme divertido e épico, digno da junção de alguns dos maiores heróis do mundo. Mas o clima vigente, aqui, é de desesperança.

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É um teor que chega a soar estranho até mesmo para o espectador, mas não de uma maneira negativa. Acompanhamos alguns destes personagens há anos e já sabemos como todos se comportam. Também, desde 2012, temos a noção de que Thanos está vindo. Logo nos primeiros momentos de exibição, entretanto, chega a soar curioso notar que os próprios personagens não sabem quase nada sobre o vilão que promete mudar tudo.

É esse desconhecimento que dá um tom de desespero e, porque não, desesperança a Vingadores: Guerra Infinita. O que vemos na tela são personagens lutando lado a lado e tentando improvisar diante de uma ameaça muito maior que a soma de seus poderes. A batalha ainda carrega os ares de altruísmo e força dos filmes anteriores, mas, desta vez, passamos bem longe daquela sensação de que tudo está sob controle e será resolvido de alguma maneira heroica e inventiva.

E o principal motivo para isso é a figura do próprio Thanos. Sua aparição não é mais surpresa para ninguém, pois ele já vinha sendo mostrado desde o primeiro filme dos Vingadores. Uma das maiores forças de Guerra Infinita, porém, é dar personalidade e caráter à maior ameaça já enfrentada pelos heróis, transformando ele, também, em peça central desta história e mais do que uma simples ameaça a ser combatida.

É ele, sim, a grande estrela do filme. Mais uma vez, estamos falando aqui de personagens e de um universo que conhecemos há anos. Os heróis tiveram suas histórias, personalidades e universos desenhados em diferentes filmes e todo mundo sabe como eles são e mais ou menos o que esperar deles. Com isso, o roteiro transforma Thanos em um protagonista até maior do que todos os outros, além de uma ameaça gigantesca.

Entrando nas sombras

Como dito, Thanos apareceu em diferentes filmes do MCU, mas suas participações sempre foram envoltas em mistério. Ele sempre aparecia como um coadjuvante, enquanto os eventos principais se desenrolavam. A maioria dos filmes dos heróis, também, se passa na Terra, bem longe de para onde o vilão, agora, volta seus olhos e sede de poder. Suas motivações podem até não ficarem exatamente claras durante as 2h40 de exibição, mas uma certeza, pelo menos, temos: esta é a maior batalha que os Vingadores já enfrentaram.

Se é que podemos dizer isso mesmo, pois o grupo de heróis permanece fragmentado. Muitas de suas peças principais estão quebradas – Tony Stark (Robert Downey Jr.), por exemplo, ainda deseja se afastar de tudo, enquanto Steve Rogers (Chris Evans), permanece foragido. No espaço, Thor (Chris Hemsworth) ainda lida diretamente com os reflexos do Ragnarok, assim como Hulk (Mark Ruffalo), que acaba servindo como um dos principais alívios cômicos de Guerra Infinita e, também, é o responsável por alguns de seus momentos mais bobinhos.

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Ao contrário do que vimos no passado, aliás, dá para dizer que Guerra Infinita é o filme mais soturno do MCU. Isso se deve não apenas à já citada sensação de desesperança, fruto da noção de que, daquela vez, os heróis realmente estão lidando com uma ameaça bem maior do que a força de seus poderes, mas também pela diminuição no tom das piadinhas e alívios cômicos. Parece que, assim como os espectadores, os personagens também entendem a gravidade da situação e estão efetivamente preocupados com ela.

Todo mundo parece estar improvisando diante de algo que jamais viu na vida. A união de personagens de diferentes universos dá tom aos grupos de protagonistas criados por Guerra Infinita e os roteiristas, Christopher Markus e Stephen McFreely, souberam trabalhar times, às vezes, de personalidades opostas, dando a eles uma boa sinergia, por mais que nem sempre consigam extrair o melhor das personalidades dadas a eles por tantos escritores e diretores diferentes, com várias abordagens e pegadas.

Ainda assim, funciona de maneira incrível e o argumento é capaz de dar relevância e força até mesmo aos personagens mais, digamos, “humanos”. Nomes como Peter Quill (Chris Pratt) ou Rocket Raccoon (dublado por Bradley Cooper), por exemplo, jamais seriam capazes de enfrentar Thanos diretamente, mas, ainda assim, conseguem fazer diferença na trama.

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Entretanto, em um longa com mais de duas dezenas de heróis, alguns acabam, é claro, tomando o palco central. A sensação, ao longo de toda a exibição, é que ninguém, efetivamente, foi deixado de lado e todos possuem os seus momentos. Entretanto, quem é fã do Groot (Vin Diesel), do Soldado Invernal (Sebastian Stan) ou do Pantera Negra (Chadwick Boseman) pode sair um pouco decepcionado desta primeira parte.

Ao mesmo tempo, porém, todas as atenções e floreios do argumento são dedicadas a Thanos. Em um filme de herói, chega a soar esquisito que o grande vilão acumule o maior tempo de tela, e isso é bem verdade aqui. Afinal de contas, são dez anos de filmes no passado – já conhecemos bem os Vingadores e seus agregados, enquanto esse vilão, por mais que tenha aparecido antes, continua semidesconhecido. É um fator que, ao mesmo tempo, abre as portas para grandes momentos do roteiro e fortalece a sensação de que ele é implacável.

Mesmo os poucos protagonistas que conhecem Thanos mais à fundo não são páreos para o grande poder do vilão, que realiza um ataque coordenado e divisivo em diversas frentes e com um objetivo de atingir o inimigo quando ele menos está esperando. Dá certo e ele parece estar cumprindo seus objetivos mais rapidamente do que as forças do bem são capazes de lidar, o que aumenta a sensação de desespero e o clima sombrio do longa.

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Interpretado por um Josh Brolin totalmente reconhecível por trás da máscara de computação gráfica, o antagonista é responsável pelos grandes momentos do filme e, aqui, não estamos nos referindo especificamente às batalhas contra grupos combinados de heróis. Chega a soar curioso que, ao mesmo tempo em que vemos um ser tão poderoso e obstinado na telona, enxergamos também suas fragilidades e um pouco do coração de um verdadeiro genocida, na medida em que ele vai acumulando as Joias do Infinito.

Indiscutivelmente épico

Nesse ensejo, porém, entram algumas situações que parecem jogadas ou surgidas do mais absoluto nada. Ao mesmo tempo em que tivemos dez anos de background para alguns dos heróis, ainda assim, parece difícil montar um longa com tanta gente sem que algumas situações soem apressadas. Isso é minimizado ao máximo, mas não deixa de acontecer, bem como algumas conveniências típicas de um roteiro que deseja acelerar as coisas, deixando a consistência um pouco de lado.

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Levando isso em conta, porém, chega a soar estranho que o argumento, em sua primeira metade, apresente uma certa gordura. Os espectadores, com toda certeza, chegam ao cinema com o hype nas alturas e, logo, são apresentados a uma cena inicial marcante, seguida do começo dos encontros entre os heróis. Entretanto, depois disso, seguem diálogos e cenas um tanto inconsistentes – estas, sim, poderiam ter sido apressadas, em prol de mais espaço para situações interessantes ou ensejos que não ficam claros.

Novamente, não vamos falar em spoilers, mas faz falta, por exemplo, um ponto de ligação mais forte entre os eventos de Guerra Civil e Guerra Infinita. Além disso, outras situações também poderiam ter sido melhor aproveitadas, como a interação entre Bruce Banner e Shuri (Letitia Wright), principalmente levando em conta as circunstâncias.

Ainda assim, principalmente em uma primeira assistida, Vingadores: Guerra Infinita não é nada menos do que épico. O longa representa o apogeu de tudo o que foi realizado pela Marvel até agora e é, para usar um jargão bastante batido no meio cinematográfico, um triunfo. Chega a ser surreal pensar em um longa com tantos heróis, motivações e personalidades diferentes e perceber que tudo isso está lá muito bem representado.

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Estamos falando da primeira parte de uma história dividida em duas, também um acerto que ajudou a dar a ela um ritmo legal e, ao mesmo tempo, gera uma experiência compartilhada das mais interessantes. Em uma sessão do dia de estreia, com a sala lotada, era palpável a tensão e o desconforto causado pelos momentos finais do longa. Ao saírem da sessão, uma das grandes perguntas feitas pelo fãs era sobre a data de lançamento da continuação.

Mesmo depois de dezenas de filmes e incontáveis heróis, o MCU ainda vai muito bem, obrigado. Agora, esse universo se prepara para uma conclusão épica e, também, um recomeço. E quem gosta desse universo mal pode esperar por tudo isso.