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Crítica - Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Por| 23 de Março de 2016 às 14h45

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Batman vs Superman: A Origem da Justiça tinha a árdua missão de estabelecer o universo da DC Comics nas telonas. Isso ele consegue, seja ao mostrar o que está por vir para as próximas produções ou por deixar o terreno pronto para a trama do filme da Liga da Justiça, mas não é o suficiente para dar grandiosidade ao que se espera de um longa focado nos maiores heróis da editora, principalmente em seu roteiro cheio de deslizes.

Na trama, Bruce Wayne (Ben Affleck) está motivado a confrontar o Superman (Henry Cavill) por causa de tudo que houve no confronto entre os kryptonianos por Metrópolis em O Homem de Aço. Enquanto isso, a opinião pública se divide em relação à presença de um super-herói com poderes de divindade, assim fazendo com que Lex Luthor (Jesse Eisenberg) tente criar uma forma de derrotar esse deus.

A trama do filme é bastante simples e poderia funcionar muito bem, mas o roteiro, de Chris Terrio e David S. Goyer, comete tantos erros que acaba prejudicando o que o longa quer tratar. Esse Bruce Wayne é uma pessoa mais velha e que teve 20 anos atuando como Batman, mas era desnecessário recontar sua origem, além do mais, tratá-lo como alguém rancoroso e sem problemas de matar o torna vazio. A história o coloca como protagonista, mas só o faz dele merecedor dos holofotes quando entra em ação contra capangas ou ao usar sua arma secreta contra o Superman.

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Superman é melhor trabalhado quando tem sua postura de deus entre humanos questionada, seja pelas autoridades ou pelo relacionamento dele com Lois Lane (Amy Adams). Uma das melhores cenas é a sensação de impotência quando o herói não consegue salvar algumas pessoas da morte. Entretanto, ele também não possui uma motivação clara para colocar-se em confronto direto com o Batman, apenas a divergência da maneira que atuam como vigilantes. Mesmo quando poderiam simplesmente conversar, o roteiro prefere forçar um confronto entre ambos para fazer valer o que o nome do longa promete, algo que só cumpre durante poucos minutos.

A versão de Lex Luthor de Jesse Eisenberg é outro problema. Além de ser um tipo de cientista maluco que foge do que se lembra do personagem original, os diálogos dele são repletos de frases desconexas. Não se explica o que é a Lexcorp nem dá pra entender de onde surge a motivação do vilão para tais atos.

O que funciona é a Gal Gadot como Mulher-Maravilha. Mesmo com pouco tempo de tela, a personagem tem tanto seu lado de Diana Prince quanto de guerreira colocados à prova. As cenas da heroína em confronto com o vilão Apocalipse não só apresentam todo o poder dela, mas um pouco da personalidade da amazona com seus sorrisos ao trocar golpes com um monstro gigantesco. A atuação da atriz e de Lawrence Fishburne, como Perry White, são as melhores da produção. O problema é que a motivação dela como civil é algo totalmente sem sentido, como se ela fosse colocada próxima a Superman e Batman apenas por uma necessidade do roteiro.

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Esses artifícios falhos do roteiro ficam ainda mais evidentes com a presença mais do que desnecessária da Lois Lane em algumas situações; logos e cores que remetem personagens aparecendo apenas para forçar um fan service; tornar Gotham e Metrópolis vizinhas para facilitar o embate; o motivo que faz Batman concordar em ajudar o Superman, etc. O filme todo é corrido e elabora muito mal alguns pontos, além de também forçar a barra numa troca de e-mails para explicar um segredo revelado. Fazer essa introdução grandiosa ao Universo DC em apenas um longa fez com que tudo ficasse confuso e mal explorado.

A estética do diretor Zack Snyder aparece com muito mais presença do que ele havia explorado em O Homem de Aço. Closes nos objetos em movimento e câmeras lentas são recursos usados várias vezes, causando um pouco de cansaço pelo exagero. Essa grandiosidade que ele dá para situações simples tira o peso dos momentos mais épicos. O confronto da Trindade versus Apocalipse tem boas cenas, como o Superman recebendo os raios solares no espaço, as formas de combate da Mulher-Maravilha e o Batman escapando de um ataque do monstro, entretanto ele perde a mão ao abusar dos raios vermelhos do vilão ao tornar tudo um grande show de luzes.

Apesar de não conseguir criar uma narrativa que flua bem para colocar Superman e Batman em confronto, A Origem da Justiça é realmente um bom prólogo para o filme da Liga da Justiça. Aquaman (Jason Momoa) convence com seu visual quando aparece nas profundezas do oceano, Flash (Ezra Miller) já tem destaque na cena que mais abre espaço para especulação e Ciborgue (Ray Fisher) tem sua origem levemente apresentada. Além disso, o filme praticamente termina dizendo ao fã da DC Comics o que está por vir.

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Batman vs Superman: A Origem da Justiça tenta ser grandioso demais e introduzir muito do Universo DC durante seus 153 minutos de filme, assim peca ao criar uma narrativa incoerente e repleta de furos, mesmo que entregue belas cenas de ação. Zack Snyder preparou o terreno para a Liga da Justiça e não teve atuações comprometedoras dos três principais heróis, mas levou às telonas motivações rasas e mal elaboradas. A DC caminha para criar suas histórias no cinema, mas não começou com o pé direito.