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Saiba o que acontece com o cérebro humano na presença de microgravidade

Por| 19 de Outubro de 2015 às 09h04

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Saiba o que acontece com o cérebro humano na presença de microgravidade
Saiba o que acontece com o cérebro humano na presença de microgravidade

A microgravidade é capaz de afetar o corpo humano de diversas maneiras interessantes, mas não muito agradáveis. Em vídeos que mostram astronautas em suas missões espaciais, é possível observar que eles ficam com os rostos inchados. Isso acontece porque em um ambiente sem gravidade os fluídos corporais que geralmente são distribuídos para a parte inferior do corpo acabam ganhando mais liberdade para se distribuírem de maneira mais uniforme.

Além de efeitos físicos, a microgravidade pode alterar a percepção humana e causar confusão, pois o sistema vestibular, responsável por detectar direção e velocidade para manter o equilíbrio do corpo, depende da gravidade. Então, sem isso, o cérebro tem a impressão de que está em constante queda.

Mas o equilíbrio também funciona com a ajuda da visão: o que a pessoa vê funciona juntamente com o sistema vestibular para permitir que o cérebro saiba como o corpo deve ser orientado. Isso porque no espaço o ser humano não enxerga nada de errado, enquanto o ouvido interno causa a sensação de queda, levando a tonturas e desorientação. Este fato misturado ao fluído presente no rosto do astronauta faz com que ele se sinta confuso e pendurado de cabeça para baixo.

Porém, depois de alguns dias no espaço, o cérebro se adapta a essas circunstâncias estranhas. Os astronautas mais experientes, quando retornam ao espaço, passam por esse processo de adaptação de maneira mais rápida.

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De acordo com pesquisas da NASA e relatos de astronautas, a microgravidade também tem efeito sobre a capacidade humana física e mental. Astronautas possuem mais dificuldade na hora de controlar os seus movimentos e de completar tarefas cognitivas e, para ajudar a descobrir o que acontece no cérebro, tanto na estrutura quanto na sua função, pesquisadores da agência espacial norte-americana e da ESA estão submetendo os homens do espaço a uma série de testes realizados com um aparelho de ressonância magnética.

Para a NASA, os testes fazem parte do seu programa de mapeamento cerebral chamado NeuroMapping da Universidade de Michigan, sob comando da diretora do Laboratório de Comportamento Neuromotor Rachael Seidler. "Nós estamos procurando por volume ou diferentes estruturas no cérebro e se eles mudam de tamanho ou forma durante o voo espacial", comenta.

Os astronautas serão submetidos a dois exames de ressonância magnética funcionais e estruturais. Para a realização dos funcionais, eles devem completar uma tarefa ao mesmo tempo em que estão sendo "escaneados". Assim, é possível avaliar se existe alguma mudança na atividade cerebral. Já na verificação estrutural, serão avaliadas as mudanças físicas no cérebro, como a perda de volume.

A pesquisa realizada pela agência europeia está sendo conduzida pelas universidades de Antuérpia, Liege e Leeuven, na Bélgica, sob liderança do pesquisador Floris Wuyts, chefe do Centro de Pesquisa da Universidade de Antuérpia. O estudo já vem sendo desenvolvido há algum tempo e espera-se que seja concluído em 2018.

Em maio deste ano, Wuyts e sua equipe publicaram um artigo que descreve uma redução do córtex motor do cérebro, responsável pelo controle do movimento, e do córtex insular, que controla o equilíbrio. O pesquisador afirma que o estudo é relevante também na Terra, pois pode ajudar a descobrir o que acontece com o cérebro de pacientes de cama, visto que os astronautas não se movem tanto quanto as pessoas que estão na Terra. Além disso, a pesquisa é capaz de entender como o cérebro reage de acordo com as mudanças e a adaptação constante.

Wuyts explica que a pesquisa sobre os astronautas é uma forma ética de olhar para o cérebro das pessoas antes e depois delas passarem por um período de estresse. "Idealmente, teríamos escaneamentos cerebrais de pessoas quando elas eram saudáveis e depois que começaram a sofrer uma doença, porque assim poderíamos ver onde as mudanças ocorrem. Mas uma situação tão ideal não existe e também não podemos dar assuntos a uma experiência traumática de propósito, é claro", conclui.

Fonte: CNet