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O surpreendente ecossistema mais isolado do mundo da caverna de Movile

Por| 13 de Maio de 2016 às 14h53

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Patrick Landmann/SPL
Patrick Landmann/SPL

Localizada no oeste da Romênia, próxima ao Mar Negro, a caverna de Movile está há 25 metros abaixo da superfície e foi descoberta em 1986 por Cristian Lascu. De lá para cá, as autoridades romenas vem lidando com muito cuidado com este verdadeiro pedaço do passado — estima-se que o local estivesse selado durante os últimos 5,5 milhões de anos, preservando vida lá dentro e desafiando a própria ciência.

Completamente sem luz e quase sem oxigênio, o ambiente é altamente hostil para seres humanos, que só conseguem ir lá munidos de equipamentos para respiração. O governo romeno permite que apenas cerca de 20 cientistas diferentes visitem o local, medida adotada para preservar a sua quase intocabilidade. Além disso, é permitida somente a entrada de no máximo três por vez, todos trajados com uma roupa especial devido à toxicidade do ar.

E o clima lá dentro é pesado. "A atmosfera da rede de cavernas é composta de hidrogênio sulfuroso, metano, nitrogênio, gás carbônico e pouquíssimo hidrogênio", comenta a pesquisadora do Observatório Oceanológico de Nanyuls (França), Françoise Athias-Binche, que trabalha em conjunto com os pesquisadores romenos.

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Centopeia da caverna de Movile. (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Ecossistema mais isolado do mundo

Apesar de completar três décadas desde o seu descobrimento, a caverna ainda guarda segredos. Dentre o que já foi descoberto estão artrópodes, como insetos e crustáceos, que de alguma maneira conseguiram desenvolver habilidades para sobreviver naquele ambiente. Devido à escuridão, muitos perderam pigmentação e até mesmo os olhos, mas desenvolveram antenas maiores capazes de guiá-los em meio ao mais completo breu.

Considerado o ecossistema mais isolado do mundo, a vida dentro da caverna de Movile cresceu e se desenvolveu desprezando o mundo externo. Lá, os cientistas encontraram espécies únicas de aranhas, escorpiões, centopeias, falso-escorpiões, sanguessugas e muito mais.

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E tudo isso sobrevive há 25 metros de profundidade graças a uma bactéria quimiossintética capaz de extrair carbono do ar, tanto do dióxido de carbono quanto do metano, sem precisar de luz. E é assim, nutrindo-se dos elementos vindos pelo ar e pela água na película bacteriana que cobre toda a caverna, que os seres vivos capturam tudo o que é necessário para a manutenção de suas vidas.

Escorpião-da-água come crustáceo. (Foto: Patrick Landmann/SPL)

Uma enciclopédia da Terra

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Animais são vistos a olho nu e, portanto, podem chamar mais atenção logo de cara — até agora, os cientistas catalogaram 47 espécies vertebradas em Movile. Ver um escorpião-de-água adaptado àquelas circunstâncias e se alimentando de um crustáceo pode parecer incrível, mas esse não é o principal atrativo da caverna para os cientistas. O grande enfoque ali são justamente as bactérias que azeitam a vida na Movile.

Isso porque esse período imenso no qual todo o ambiente da caverna ficou apartado do mundo externo pode ensinar muito sobre como era a terra há 5,5 milhões de anos. Os cientistas acreditam que os organismos vivos ali já habitavam a caverna naquele período, tendo sido “aprisionados” pelo calcário, o que dá a dimensão da variedade de possibilidades que temos adiante.

Como o clima dentro da caverna é quente, tem ar tóxico e nenhuma iluminação, alguns cientistas cogitam até mesmo a possibilidade de descobrir uma forma de empregar estas bactérias no combate ao aquecimento global. De qualquer maneira, investigar a evolução das espécies e a forma como se adaptaram ao mundo no qual viviam já são realizações válidas para os estudos em torno das descoberta que completa 30 anos em 2016.

Fontes: Geek, TSF, Superinteressante