Homo naledi: Pesquisadores descobrem nova espécie humana na África do Sul
Por Natalie Rosa | 10 de Setembro de 2015 às 14h58
Fósseis remanescentes de um primata foram apresentados por um grupo de pesquisadores na África do Sul nesta quinta-feira (10) e, segundo os cientistas, eles pertencem a uma espécie do gênero humano até então desconhecida.
O primata, que recebeu o nome de Homo naledi, foi encontrado em uma caverna conhecida como Rising Star (estrela nascente), a 50 km do noroeste da cidade de Johanesburgo, onde foram exumados os ossos de 15 hominídeos. Homo é o nome do gênero pertencente aos humanos e "naledi", na língua sotho, significa estrela, relacionando ao local em que os restos estavam.
Reconstrução do Homo naledi feita pelo artista John Gurche
Os fósseis foram encontrados em uma área arqueológica conhecida como "Berço da Humanidade", que é considerada patrimônio mundial pela Unesco. No entanto, o local exato onde os ossos foram encontrados era profundo e de acesso bastante difícil.
Os cientistas ainda não conseguiram fornecer o período de existência do primata pois ele estava em um depósito sedimentar onde as camadas geológicas acabaram se misturando de maneira complexa. Então, ele pode ter de 100 mil a 4 milhões de anos.
Em entrevista coletiva, Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand de Johannesburgo, disse estar feliz com a descoberta de uma nova espécie do ancestral humano. "Estava bem debaixo do nosso nariz, no vale mais explorado do continente africano", comenta. Na imagem abaixo, ele aparece segurando o crânio do Homo naledi.
Foto: Reprodução/Reuters
Paleoantropologistas deduzem que a espécie enterrou os seus mortos, traço que acreditava-se anteriormente ser um costume apenas dos seres humanos. "Depois de eliminar todas as outras possibilidades, parece que o Homo naledi cuidava deliberadamente da disposição dos corpos de uma determinada maneira", diz Berger em entrevista a uma das fontes. "Isso nos indica que eles estavam vendo a si mesmos como separado dos outros animais e, de fato, do mundo natural", finaliza.
A descoberta aconteceu nos anos de 2013 e 2014, e os cientistas também encontraram mais de 1.550 ossos que devem ter pertencido a 15 indivíduos, entre bebês, jovens adultos e idosos. Todos os fósseis apresentavam morfologia homogênea e foram classificados como de uma espécie não identificada.
Foto: Reprodução/National Geographic
Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres e autor de um artigo sobre o tema, fala sobre as características dos fósseis. "Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus", relata.
Se a espécie possui mais de 3 milhões de anos, ela provavelmente conviveu com os australopitecos. Caso seja mais recente, com menos de 1 milhão de anos, pode ter coexistido com os neandertais, parentes mais próximos do Homo sapiens e dos humanos modernos.
Fonte: Reuters, G1, Popular Science