Estudo: demanda por profissionais de TI cresce no Brasil, mas falta qualificação
Por Luciana Zaramela |
Um novo estudo da empresa de consultoria independente IDC, encomendado pela Cisco e realizado na América Latina revelou que a demanda por profissionais de tecnologia da informação e comunicação (TIC) no Brasil excederá a oferta em 32% para o ano de 2015, chegando a uma lacuna de 117.200 trabalhadores especializados em redes e conectividade.
Intitulado “Habilidades em Redes e Conectividade na América Latina”, o estudo analisou a disponibilidade de profissionais capacitados em TIC entre os anos de 2011 e 2015, em oito países da região: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e Venezuela.
Em 2011, a América Latina apresentou uma lacuna de aproximadamente 139.800 profissionais com conhecimentos em redes e conectividade, com uma projeção de aumento desta lacuna para 296.200 em 2015. Estas cifras representam uma carência de 27% no ano de 2011 e de 35% em 2015.
Algumas tendências motivam a demanda por profissionais capacitados em redes e conectividade na América Latina. São elas:
- Demanda por maior eficiência na infraestrutura de TI, com a virtualização como o grande vetor;
- Rápida adoção de TIC por parte dos governos e o setor privado;
- Proliferação de dispositivos conectados;
- Requerimentos da rede para suportar aplicações interativas (vídeo) e negócios suportados por TIC virtualizados;
- Crescente demanda de conectividade baseada ou hospedada na nuvem através de múltiplas empresas.
Brasil em foco: como o país pode ser impactado por essas tendências
No Brasil há também o impacto da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016, o que certamente gera aumento dos investimentos em TI por parte das empresas e do Governo.
No entanto, de acordo com dados do estudo, a lacuna de profissionais de rede e conectividade no Brasil em 2011 foi de aproximadamente 39.900 trabalhadores, o equivalente a 20% entre oferta e demanda de mão de obra. A maior escassez ocorreu na chamada rede essencial, que abrange áreas de segurança, telefonia IP e redes sem fio, com uma lacuna de 23.643 profissionais ou 17% das vagas. Entretanto, a rede emergente, como comunicações unificadas, vídeo, computação em nuvem, mobilidade e data center e virtualização, representou uma maior escassez percentual, com 27% entre a oferta e demanda de profissionais qualificados, uma lacuna de 16.232 profissionais em 2011.
Em 2012, a demanda prevista foi de 239.653 empregos na área de redes, com a possibilidade de chegar a 363.584 em 2015. A previsão para 2013 é de 276.306 vagas para 199.819 profissionais, o que representa uma lacuna de 28% ou 76.487 pessoas. Ainda de acordo com a pesquisa, as 363.584 vagas previstas para 2015 devem se concentrar mais na rede essencial com 232.032, mas a lacuna maior será na rede emergente, com 131.552 vagas para 64.650 profissionais qualificados (escassez de 51% ou 66.702 profissionais).
Com esses números, o Brasil é o segundo país com dificuldades para encontrar candidatos tecnicamente qualificados, ficando atrás apenas do México entre os países pesquisados na América Latina. Isso ocorre porque com a disponibilidade insuficiente de profissionais capacitados no mercado, fica mais caro contratar e empregar profissionais de rede qualificados. O país registrou a menor taxa de recrutamento de profissionais de rede com apenas 19% das empresas entrevistadas contratando especialistas de rede durante o último ano. Considerando essa falta de candidatos qualificados, a IDC considera que as empresas brasileiras estão cada vez mais obtendo habilidades de rede de provedores de serviços por meio da terceirização.
Apesar do aumento sazonal de desemprego no Brasil, a mão de obra qualificada permanece escassa o suficiente para forçar os empregadores a pagarem mais para competir por especialistas. Por outro lado, isso pode alimentar uma pressão inflacionária. A escassez de mão de obra qualificada forçou a média salarial a uma alta para atender à demanda do consumidor. E com os eventos vindouros em 2014 e 2016, aliados à implantação da rede 4G no país, a lacuna de habilidades aumenta ainda mais.
A IDC espera que o mercado de TI cresça a uma CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 12% entre 2011 a 2015 no Brasil.